Olhava pela janela uma dessas salas de espera ambulantes...era um carros de tranporte de doentes que estava parado à porta do Hospital de Dia dos Capuchos....
quando me veio à memória este sopro de alma de um grande poeta e uma grande voz da língua inglesa...
TS Eliot...
Tenho penso muito neste aforismo, nesta síntese da vida que este meu herói das palavras, um dia se lembrou de escrever...
Nascer copular e morrer...
Interrogo-me sobre o dia em que decidi eu que na minha vida me senti começar a viver...a ser alguém...
Terá sido num dia em que fui cowboy?...
Teria aí dez anos. Agarrei numa espingarda de plástico, montei num burro que me emprestava a Dona Gerónima, gloriosa habitante da Pucariça, uma aldeia perto da Ericeira onde passava férias, e fiz-me ao caminho com uma pequena manada de vacas até à fonte onde habitualmente bebiam água aos finais de tarde...
Lembro de subir a um pequeno monte e olhar o sol que baixava já no horizonte...e gritei, mais à índio que cowboy, mas gritei...
Ou terá sido alguns anos mais tarde, com o velho mestre da Galeria Diferença, ali ao Rato, em Lisboa, o José Ernesto de Sousa que nos incitava a nós, um punhado de putos, a termos uma espécie de prazer sexual para com a vida...
Viver a nossa vida com uma espécie de líbido para viver com espírito positivo...
Ou será que é agora, que tive que me reinventar como pessoa, e conto como o faço todos os dias nas slas de espera...
Agora que recebo e mails de ouvintes agradecendo-me porque os faço chorar...
Escolho o dia em que fui cowboy e fui Clint Eastwood por escassos segundos, montado num quixotesco jumento branco...
Obrigado Dona Gerónima...
Não ter confiado em mim para pastar as suas vacas teria sido imperdóavel...
Nunca conseguiria sentir o homem que me sinto hoje...
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Instante Fatal